O HPV (papiloma vírus humano) é o vírus causador da DST conhecida como verrugas genitais. Sua transmissão se dá pela via sexual e sua maior importância se deve ao fato deste vírus causar câncer no colo de útero, na vagina, ânus, pênis e orofaringe. Estima-se que cerca de 50% dos indivíduos, homens ou mulheres, terá contato com algum tipo de HPV após 2 anos de vida sexual ativa.
Depois de 12 anos de pesquisas para criação de uma vacina contra o HPV, a partir de 2006 a vacinação nas mulheres começou a ser realizada em mais de 60 países. Essas vacinas não contém o vírus, nem o seu DNA, e são denominadas “vírus-like particles”, pois foram obtidas por engenharia genética a partir de uma das proteínas da cápsula viral.
Existem atualmente duas vacinas contra o vírus do HPV:
QUADRIVALENTE → | Contra os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18 |
BIVALENTE → | Contra os tipos de HPV 16 e 18 |
No Brasil, as Unidades Básicas de Saúde oferecem a vacina contra o HPV, que já é oferecida na rede privada há alguns anos.
Quem deve receber a vacina contra o HPV?
Enquanto a vacina quadrivalente é recomendada para meninos e meninas entre 9 e 26 anos de idade, a bivalente é recomendada para meninas e mulheres a partir dos 10 anos de idade. Todos os indivíduos nesta faixa etária deveriam receber a vacina. A importância da vacinação precoce é porque a resposta imunológica à vacina é melhor quando aplicada até os 15 anos de idade, o que não contra indica a sua aplicação para os demais.
Porque os meninos devem se vacinar contra o HPV?
Os meninos devem receber a vacina para sua proteção contra os cânceres de pênis, ânus e garganta e contra as verrugas genitais. Além disso, por serem os responsáveis pela transmissão do vírus para suas parceiras, ao receberem a vacina estão colaborando com a redução da incidência do câncer de colo de útero nas mulheres. Os homens também foram incluídos na recomendação de vacinação após a constatação de que a cobertura de vacinas nas meninas chegava a apenas 40%.
Quem já começou a vida sexual também tomar a vacina?
A vacina pode e deve ser recebida por todos, mesmo aqueles que já iniciaram a vida sexual ativa. Recomenda-se a vacinação antes para uma prevenção mais eficaz, mas não existe nenhuma contraindicação para quem já é sexualmente ativo.
E quem já teve HPV, pode tomar a vacina?
Sim, a vacina pode e deve ser recebida mesmo por aqueles que já tiveram infecção pelo HPV. Ela não será útil para o tipo já adquirido, mas fará a proteção contra os demais.
Vacinar crianças pode estimular o início da vida sexual precoce?
Não. Vacinar os jovens contra doenças infectocontagiosas é um dever dos pais e não tem influência na decisão de ter ou não atividade sexual. Além do mais, a vacinação contra o HPV não vai dispensar o uso de preservativos, importante para a prevenção da gravidez e de outras DSTs, como sífilis, gonorréia, HIV etc.
Como é o esquema da vacinação contra o HPV?
O esquema tradicional, utilizado há anos e com excelentes resultados é:
# Aplica-se a 1ª dose
# 2 meses depois da 1ª dose aplica a segunda dose
# 6 meses depois da 1ª dose aplica a terceira dose
O Ministério da Saúde aprovou a vacinação em um esquema diferente, aparentemente eficaz, mas ainda em fase de estudo: 0, 6 e 60 meses. As clínicas particulares seguem a orientação de 0, 2 e 6 meses.
Se já se tiver iniciado a vacinação na rede privada, pode completá-la na rede pública?
Sim, se as doses aplicadas foram da vacina quadrivalente, o esquema vacinal poderá ser finalizado na rede pública. Para as famílias que optarem pelo esquema tradicional de 0, 2, 6 meses, também será aceito que se faça a primeira e última doses no posto de saúde e a segunda dose em clínicas particulares.
Recomendações finais:
1. A vacina quadrivalente contra o HPV deve ser utilizada em todos os meninos e homens entre os 9 e 26 anos, conforme preconizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
2. Não há necessidade de se realizar exame prévio para detecção do HPV antes da vacinação nos homens que eventualmente já iniciaram a sua vida sexual.
3. A remoção das lesões HPV-induzidas pode diminuir a carga viral e o risco de transmissão.
4. A associação simultânea com mais de um agente sexualmente transmissível é ocorrência frequente na prática clínica. Além disso, a pesquisa de HIV deve fazer parte da avaliação de um indivíduo acometido por qualquer DST.
5. A circuncisão (retirada do excesso de prepúcio) é valiosa para a redução do espectro de todas as DSTs.